segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Refém do humor instável - N-Acetil Cisteína

Medicação em teste é capaz de reduzir danos cerebrais provocados pelo transtorno bipolar

As crises alternadas de euforia e depressão que caracterizam o transtorno bipolar não causam problemas apenas quando irrompem sem aviso prévio. No organismo, a gangorra emocional desencadeia um ciclo vicioso de reações químicas que compromete o funcionamento do cérebro. Até o momento, o tratamento disponível consegue controlar os surtos, mas não tem efeito sobre os danos à memória e à capacidade de planejamento e aprendizado, os quais, a longo prazo, podem ser tão prejudiciais como a instabilidade emocional. Um novo tratamento, que está sendo testado simultaneamente no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e na Universidade de Melbourne, na Austrália, pode mudar isso.

Cientistas gaúchos e australianos introduziram a N-acetil-cisteína, um aminoácido conhecido pela sigla NAC, no tratamento padrão de pacientes bipolares. Usada como expectorante para doenças respiratórias, a substância nunca havia sido aplicada para patologias psiquiátricas. Seis meses depois, os pesquisadores verificaram que a dose diária de dois gramas da medicação, conhecida por ter uma ação que previne a morte das células, reduziu os sintomas depressivos, melhorou a cognição e a qualidade de vida dos pacientes – meta não atingida pelo tratamento convencional.

– Entre um episódio e outro, é comum os pacientes com transtorno bipolar apresentarem distimia (um tipo de depressão caracterizado pelo mau humor crônico) e reclamarem que, mesmo sem crise, não estavam felizes. A NAC melhorou os sintomas que fazem eles terem essas dificuldades – explica o psiquiatra Flávio Kapczinski, chefe do Laboratório de Psiquiatria Molecular do HCPA e coordenador do estudo no Estado.

O resultado surpreendeu os cientistas e pode inaugurar uma nova era no tratamento do transtorno bipolar. Segundo o professor da Universidade de Melbourne Michael Berk, que coordena o experimento na Austrália, a melhora dos que tomaram a NAC, comparados ao grupo tratado com placebo, foi tão significativa que muitos pediram para seguir com a medicação após o final dos testes. O benefício ocorreu, explica Berk, porque a medicação é a primeira a reverter o estrago causado no cérebro pelo transtorno bipolar, de onde surgem as reclamações dos pacientes quanto às dificuldades de fazer planos e organizar a rotina. Com a nova terapia, essas queixas podem ficar no passado.

Fonte: zerohora.com

Um comentário:

  1. Olá!

    Informei ao meu psiquiatra do SUS sobre a NAC. E ele me informou que ñao tem conhecimento desse medicamento. Disse que precisa da portaria para verificar a veracidade da NAC pra poder prescrever a referida medicação que ele desconhece.

    Por favor preciso preciso c/ urgencia.
    Fico muito grata desde já.
    Jane

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